Não é o que nos mandam esses mil manuais de conquista barateados pela sociedade? Deixa que o cara liga. Esconda uma parte da sua inteligência. Evite assuntos picantes. Pareça inanimada, desinteressante, e com humor estável. Seja uma pessoa destemperada, para resumir. Quer que ele pense o que? Sua desvairada, é uma vagabunda, independente demais, muito espertinha: não dá. Díficil é se manter na corda bamba de que tanto falam, de se mostrar para logo em seguida ter que esconder a confusão que é ser mulher nesses tempos modernos, sem realmente compreender o que quer o time lá de Marte.
Eu, que nunca consegui fingir com maestria ser sempre tão Amélia ou certinha, a qual a sensatez me vem apenas em momentos oportunos desisti de me equilibrar nessa inconstância plural que é o mundo masculino e suas particularidades. Já venho com todo meu temperamento forte, as minhas mil palavras, tão prolixas, e meus conceitos, sempre ferrenhos; fortes. Quem gosta, saboreia muito mais do que apenas uma companhia vazia e sem nexo, é com gosto, quase sempre ardente ou mordaz, oportunamente, agridoce. Sem o aspecto pastoso e insípido de algo que não dê vontade de lambuzar o prato e repetir. Que cause sensação alguma, boa, péssima, relevante: surpreendente. Demais, nunca pra menos. Quem com o tempo souber tirar bom proveito dessa algazarra de temperos e índoles, qualidades e tons, é quem merece ter o menu em mãos, e o pedido, quem sabe, aceito. Porque viver com quem se permite e à vida se entrega, é sim, o que dá sentido e apetite pra que os dias não passem em branco, mas sim, se completem. Com sensualidade, e quedas, atitude e frases sem nexo, beijinhos na nuca - inesperados - fica fácil ter nas mãos pimenta, sal, limão e açúcar: quem gosta de intensas reações, entende melhor a magnitude mágica da vida, os fugazes momentos que necessitam ficar memorizados. Sem robô, e sim, com carne, osso, cabelo feito, perfume francês e um temperamento forte ao lado pra que a montanha-russa faça valer a pena o passeio de estar vivo sabe-se até quando.